Gastos do SUS com tratamentos do câncer colorretal podem chegar a R$ 1 bilhão ao ano

SOBED em pauta #14
postado 01/02/2022

Em 2030, a despesa do Sistema Único de Saúde (SUS) com os pacientes diagnosticados com câncer colorretal e que desenvolveram a doença devido a fatores de risco evitáveis, será 88% maior do que o valor gasto em 2018.


Há três anos, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), o SUS desembolsou aproximadamente R$ 545 milhões com procedimentos hospitalares e ambulatoriais para atender pacientes com câncer colorretal. Para 2030, a projeção e de que esse gasto alcance R$ 1 bilhão.


Considerado o terceiro tipo de câncer com maior incidência sobre a população, com cerca de 40 mil novos casos diagnosticados por ano, a doença motivou a Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED) a dar início em 2021 às comemorações do Março Azul, iniciativa inspirada em ações semelhantes realizadas em outros países.


“Aumentar as chances de cura e de sobrevida são fundamentais. Por isso, é necessário detectar os sinais da doença o mais cedo possível, já tomando as providências para alcançar sua cura e reduzir danos”, ressalta o presidente da SOBED, dr. Ricardo Anuar Dib. As estatísticas indicam que cerca de um terço dos casos de câncer colorretal podem ser evitados com alimentação saudável, prática rotineira de atividades físicas e pelo não uso de bebidas alcoólicas.


Tumor maligno que ataca o cólon e o reto, a doença tem registrado aumento da incidência e do número de óbitos no País, chamando atenção dos especialistas para a necessidade de novas abordagens no diagnóstico, tratamento e, principalmente, na prevenção.


Despesas crescentes – Durante o webinar Cenário do câncer de intestino no Brasil, promovido pelo INCA no ano passado, os pesquisadores informaram que os fatores de risco relacionados à alimentação, nutrição e inatividade física foram responsáveis por cerca de R$ 160 milhões das despesas da União com câncer colorretal, em 2018.


Os maiores gastos atribuíveis foram com baixo consumo de fibras alimentares (R$ 60 milhões), atividade física insuficiente (R$ 47 milhões), consumo de carne processada (R$ 28 milhões), de carne vermelha acima do recomendado (R$ 19 milhões), de bebidas alcoólicas (R$ 15 milhões) e excesso de peso (R$ 12 milhões). A projeção mostra que, em 2030, essas mesmas causas poderão ser responsáveis por até R$ 395 milhões de desembolso federal somente com este tipo de câncer.


De acordo com o INCA, a expectativa é que haverá um aumento dos casos de câncer no Brasil: até 2040, 66% mais casos e 85% mais mortes. Se nada for feito, a estimativa é de que o País também perca quase US$ 13 bilhões em produtividade de 2021 a 2030, decorrentes das mortes provocadas especificamente por este tipo de câncer.

Campanha permanente - Como formas de prevenir o surgimento de novos casos, a SOBED ressalta a pertinência de campanhas que orientem os brasileiros sobre o combate ao tabagismo, alcoolismo, sedentarismo, consumo excessivo de carnes vermelhas e dieta pobre em fibras, entre outros. Todos esses fatores são considerados de risco para o câncer colorretal, sendo que sua eliminação do cotidiano dos indivíduos constitui medidas de primeiro nível para a proteção.


Além dos hábitos de vida, outros fatores aumentam o risco de desenvolvimento do câncer colorretal. Eles incluem casos de câncer colorretal na família, predisposição genética ao desenvolvimento de doenças crônicas do intestino, história pessoal de outros tipos de câncer e idade, pois tanto na incidência quanto na mortalidade, observa-se aumento nas taxas a partir dos 50 anos.


“As ações de conscientização englobam a participação de toda a sociedade, especialmente dos profissionais da saúde. Os médicos devem estar em alerta para os sinais e sintomas e capacitados para avaliação dos casos suspeitos. Da mesma forma, os serviços de saúde precisam estar preparados para garantir a confirmação diagnóstica oportuna, com qualidade, garantia da integralidade e continuidade da assistência”, destacou o presidente da SOBED.


Projeto de lei Para incluir o Março Azul no calendário oficial das comemorações relacionadas à saúde no País, a SOBED pediu ao Congresso Nacional e ao Governo Federal que estabeleçam aquele mês para a realização de ações de conscientização sobre a importância da prevenção do câncer colorretal, vinculando a ele a cor azul.


Atualmente, a SOBED apoia a aprovação do Projeto de Lei nº 5024/2019, Projeto de Lei (PL) 5024/2019, que visa estabelecer março como o Mês Nacional de Conscientização sobre o Câncer de Cólon e Reto, já chancelado pela Câmara dos Deputados, e que agora aguarda votação no Senado.


“Muitas pessoas acabam não realizando exames de rotina ou investindo em prevenção, simplesmente porque não possuem informação qualificada sobre saúde. A ideia de instituir oficialmente um mês dedicado a esse tema pode parecer simples, mas é uma ação imperativa e de extrema relevância, que já foi comprovada com as ações do “outubro rosa” e do “novembro azul”. Se, anualmente, em todo mês de março, o câncer colorretal for amplamente debatido pela imprensa, autoridades e sociedade em geral, certamente maior será a prevenção e mais vidas serão salvas”, arrematou o vice-presidente da SOBED, Herbeth Toledo.


*Com informações do INCA