Hemorragia Digestiva Alta

O que é?  

Eliminação de sangue, escuro ou vermelho rutilante, via oral (hematêmese) ou evacuaçãode sangue escuro e fétido por via retal (melena). A causa desta eliminação pode estar localizada no esôfago, estômago ou duodeno.

Incidência

A HDA é uma afecção relativamente frequente nas emergências dos hospitais. A depender do local aonde é estudada a frequência, a cada 10 pacientes atendidos, aproximadamente  2 a 3 *tem diagnóstico de HDA. A HDA pode ser dividida em varicosa e não varicosa. A varicosa tem como causa a ruptura de varizes de esôfago ou estômago, as quais aparecem, na maioria das vezes, por uma doença de fígado crônica (cirrose por vírus B, C, doença alcoólica e esteatohepatite). A não varicosa deve-se a úlceras no estômago e duodeno, ou por outras causas como esofagites, gastrites,lesões vasculares e doenças malignas (câncer). A mortalidade por HDA pode variar entre  8 e 10%, na maioria dos hospitais.

Sintomas

O paciente apresenta eliminação de sangue pela boca através de vômitoscuja origem está no esôfago, estômago ou duodeno, a qualchamamos de hematêmese; ou o paciente evacua sangue escuro e fétido, o qual chamamos de melena. Associado a essa perda sanguínea, podem acontecer outros sintomas como tonturas, sudorese, desmaios, diminuiçãoda pressão arterial (hipotensão), e, por consequência, anemia.

Principais complicações

Como complicações da HDA, podemos ter anemia, fraqueza, astenia, sudorese e pressão baixa. Felizmente, na maioria das vezes o sangramento cessa espontaneamente. Mas, precisamos corrigir esta anemia, caso continue o sangramento pode causar outras alterações, como o não funcionamento adequado dos rins e coração.

Diagnóstico

O diagnóstico pode ser feito com a história do paciente de hematêmese e melena, passado de hemorragia e relato de uso de medicamentos que podem causar gastrites e úlceras agudas como AAS e antiinflamatórios. Entretanto, o exame fundamental para o diagnóstico de HDA é a endoscopia digestiva alta (EDA), realizada por médico especialista, o qual foi treinado para fazer este importante procedimento. Devemoslembrar também em fazer exames de laboratório para quantificar a perda de sangue (hemograma), avaliar a função renal (ureia e creatinina), e outros exames a depender do quadro clínico, como o perfil hepático  (função do fígado).

Tratamento

O paciente deverá ser atendido na unidade de emergência para definir o diagnóstico e o tratamento. A terapêutica se baseia no tratamento clínico, farmacológico e endoscópico. O clínico tem como base apunção de veia calibrosa para hidratação adequada com soro fisiológico, para manter a pressão arterial estável acima de 90mmHg de máxima. A depender do nível de hemoglobina, podemos fazer transfusão sanguínea(concentrados de hemácias) para deixar a hemoglobina entre 7 e 9g/dl. O tratamento farmacológico é definido a depender do tipo de HDA. Caso seja HDA não varicosa, o medicamento fundamental por via venosa é o inibidor de bomba de próton (omeprazol oupantoprazol). Na HDA varicosa, utiliza-se no tratamento medicamentoso de substância que diminui a pressão nas varizes do esôfago e estômago (somatostatina, octreotide e terlipressina). O tratamento endoscópico é fundamental para o paciente e tem como objetivo parar o sangramento e, principalmente, reduzir a taxa de ressangramento. Através do endoscópio, o especialista em endoscopia digestiva, pode injetar substância para parar o sangramento e reduzir o ressangramento, assim como aplicar clipes e termocoagulação para obstruir os vasos que estão sangrando na hemorragia não varicosa. Na HDA varicosa, o tratamento endoscópico se baseia na ligadura elástica das varizes de esôfago ou injeção de cola (cianoacrilato) nas varizes gástricas.Não devemos esquecer que nos casos de HDA causada por úlceras pépticas no duodeno e estômago, importante pesquisar a presença da bactéria helicobacter pylori para tratar com antibióticos e evitar a recidiva da úlcera.